sábado, 1 de novembro de 2008

A divisão celular


Os organismos unicelulares multi­plicam-se por divisão celular: a partir de uma célula original formam-se duas células-filhas. Esta divisão celular é a que permite a passagem do zigoto ou ovo - resultado da fecundação dos gâmetas - até o organismo adulto. Excepto em casos muito particulares, a divisão celular tem lugar através de um processo de divisão conforme conduz à formação de duas células­-filhas idênticas à célula-mãe, especial­mente no que respeita ao seu con­teúdo em ADN. Nos eucariontes segue umas pautas precisas marcadas pelo comportamento e pela disrribui­ção dos cromossomas. Este processo recebe o nome de mitose.

As fases da mitose
A divisão celular é um processo contínuo que se divide em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e teló­fase.
Durante a prófase, tal como se pode observar, por exemplo, nos meristemas vegetais, os nucleofila­mentos (cromatina) condensam-se bastante até que resultam evidentes os cromossomas. Cada cromossoma é constituído por dois cromatídeos, unidos pelo centrómero. Os nucléolos tornam-se cada vez mais evidentes, enquanto o envolvimento celular se organiza até que o conteúdo nuclear fica disperso no citoplasma, no qual se organiza, a partir dos microtúbulos proteicos que se agregam para formar fibrilas, o fuso acromático. No fim da prófase, de um e de outro lado de cada centrómero, formam-se duas zonas específicas sobre as quais se fixam as fibras proteicas. Quando os centríolos atingem os pólos, a mem­brana nuclear fragmenta-se e os nucléolos desaparecem.
Durante a metáfase, os cromosso­mas dispõem-se com os centrómeros e originam o plano equatorial, atingem o seu máximo encurtamento devido a uma forte condensação dos cromatí­deos. Os pares de centríolos estão agora nos pólos da célula. O fuso acromático completa o seu desenvol­vimento, notando-se que algumas das suas fibrilas se ligam aos cromossomas, fibrilas cromossomáticas, enquanto outras vão de pólo a pólo, fibrilas con­tínuas.
No início da anáfase dá-se a cliva­gem de cada um dos centrómeros, separando-se os dois cromatídeos, que passam a constituir dois cromossomas independentes. A anáfase é caracteri­zada pela ascensão polar dos cromos­somas-filhos. No final da anáfase os dois pólos da célula estão completos e equivalentes de cromossomas e por­tanto de ADN.
Na telófase reorganiza-se de novo a membrana nuclear à volta dos cro­mossomas de cada célula-filha. Os nucléolos reaparecem. Dissolve-se o fuso mitótico e os cromossomas devido à sua descondensação alon­gam-se, tornando-se menos visíveis. A célula fica constituída por dois núcleos.

Significado da mitose
A mitose, que comporta a distri­buição de dois lotes idênticos de cromossomas nas células-filhas, aumenta o número de indivíduos no caso dos organismos unicelulares, o qual é sinónimo de reprodução. Durante o desenvolvimento embrionário, im­plica o aumento acelerado do número de células e a edificação de um orga­nismo pluricelular, enquanto nos ani­mais adultos serve, essencialmente, para substituir as células mortas (no caso das células muito especializadas, como os neurónios) e nas plantas superiores permite um crescimento indefinido dos seus órgãos.
A mitose tem uma duração variá­vel na ordem de uma hora (numa célula cancerosa em cultivo) ou de três (célula meristemática de uma raiz jovem), mas é mais importante saber a duração do ciclo celular ou a duração do intervalo entre duas mitoses conse­cutivas, que é uma soma da duração da mitose mais a do período de repouso, a interfase, que nos exemplos citados é, em cada caso, de umas vinte horas. Na interfase o cito­plasma cresce até que o núcleo seja incapaz de controlá-lo, momento em que se desencadeia uma nova mitose. Isto quer dizer que existe uma relação ideal entre o volume do citoplasma e o do núcleo (relação nucleoplasmá­tica). Existem factores externos da célula que regulam a mitose, como a contribuição adequada de substâncias nutritivas ou a acção de determinadas hormonas que a estimulam ao activar uma substância presente no cito­plasma. Por outro lado, os cancros são doenças provocadas por um ritmo aberrante de divisões mitóticas anor­mais que conduz à formação de massas celulares proliferantes. Contra eles, ensaia-se o uso de substâncias quími­cas que impedem a mitose ou a prévia duplicação do ADN.
No final da anáfase cada cromossoma-filho é consti­tuído por um só cromatídeo que na prófase tem dois; ou seja, durante a interfase efectua-se a duplicação dos cromatídeos. O fenómeno mais importante no processo de reprodu­ção celular, a duplicação do ADN exacto do material hereditário, rea­liza-se na interfase.

Texto de Carlos Cruz; Fotos de José Fajardo

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